Museu de Congonhas lança coleção de joias inspirada na obra do mestre Aleijadinho
Projeto da designer mineira Gracie Santos traz releitura contemporânea dos 12 Profetas, com destaque para o uso da pedra-sabão
A pedra-sabão, um dos minerais mais característicos do estado de Minas Gerais, ganha status de joia pelas mãos da designer e jornalista Gracie Santos. Inspirada nos trabalhos do mestre Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que utilizou a matéria-prima para dar forma aos 12 Profetas, considerados sua obra máxima, a mineira lança a “Coleção Congonhas”. Com isso, ela sugere uma leitura contemporânea do conjunto artístico que compõe o adro do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1985.
O lançamento marca uma série de eventos realizados em agosto, quando é comemorado o “Mês de Aleijadinho” na cidade mineira. O evento, aberto ao público, acontece no dia 23 de agosto (quarta-feira), a partir das 20h, no Museu de Congonhas, com parceria da Fundação Municipal de Cultura de Congonhas.
Imortalizada nos contornos da arte barroca e amplamente usada na confecção de panelas, objetos artesanais, terços e esculturas, a pedra-sabão ganhou preciosidade, vivacidade e brilho exótico nas peças exclusivas, que imprimem, ao mesmo tempo, delicadeza e força. A partir de um dedicado estudo, Gracie Santos trabalhou o mineral de maneira inédita, combinando e criando contrastes com materiais diversos encontrados no Brasil e em outras partes do mundo. “Ao mesmo tempo em que valorizam a pedra e a colocam lado a lado com gemas de valor reconhecido, as peças transportam a história de Aleijadinho para além das fronteiras de Minas e do Brasil”, afirma a designer.
A coleção é composta por 35 peças, entre colares, pulseiras, terços e brincos em pedra “talco”, como também é chamada a matéria-prima, que receberam acabamentos em prata 925 (natural ou em banhos de ouro e ródio negro), fios de couro e aço e agregam gemas como pérolas, bronzitas, hematitas, labradoritas, lavas vulcânicas, entre outras.
Destaque da coleção, os profetas do escultor mineiro ganham traços modernos, geométricos, transformados em 12 pingentes de design único, ornando colares, pulseiras e brincos. O pingente Profeta, criado em tamanhos variados, reproduz a silhueta do Profeta Daniel, considerado a obra-prima de Aleijadinho. Parte da Coleção será doada pela artista ao acervo do Museu de Congonhas, onde ficará exposta até o dia 03 de setembro.
O mestre Aleijadinho – Estudos apontam que Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, teria nascido em 29 de agosto de 1738, na antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto. Filho do português Manuel Francisco Lisboa, mestre de carpintaria, que chegou a Minas Gerais em 1723, e de sua escrava Isabel, aprendeu a esculpir e entalhar ainda criança, observando o trabalho de seu pai, que esculpiu em madeira uma grande variedade de imagens religiosas, e de seu tio Antônio Francisco Pombal, importante entalhador de Vila Rica.
Uma de suas obras mais famosas é o "Santuário de Bom Jesus de Matosinhos", localizado em Congonhas. A planta imita o Santuário de Bom Jesus de Braga, em Portugal. Na frente existe um terraço ornado por doze estátuas de profetas. O terraço conduz a uma rampa ladeada de sete "Capelas dos Passos" onde estão representadas por 66 imagens, em cedro e em tamanho natural, as cenas da Paixão de Cristo. Tombado pela Unesco, o local é um dos principais pontos turísticos e religiosos de todo o Brasil.
Museu de Congonhas - localizado na Alameda Cidade de Matosinhos, o Museu de Congonhas foi inaugurado no final de 2015 com a missão de potencializar a percepção e a interpretação das múltiplas dimensões do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, sítio histórico que, desde 1985 tem o título de Patrimônio Cultural Mundial.
Os princípios que orientam tanto as exposições, quanto as ações educativas e os demais programas de atividades do novo Museu partem do reconhecimento da pluralidade de significados do sítio histórico desta cidade mineira e de suas práticas sociais, para oferecer meios facilitadores de apropriações cognitivas, sensoriais e emocionais. A instituição fica aberta ao público, de terça a domingo, das 9h às 17h; e quartas, das 13h às 21h. Ingressos: R$ 10.
Unika Joias Contemporâneas – Jornalista, crítica de cinema e designer, Gracie Santos criou, há pouco mais de dois anos, a Únika Joias Contemporâneas, marca que valoriza as pedras naturais, suas formas e cores, em criações autorais. O grande diferencial da marca, que já ultrapassa 1.300 peças, é que cada colar, brinco ou pulseira é desenvolvido pela própria designer em sua bancada. São peças únicas, exemplares que trazem traço diferenciado, confeccionados em gemas como pérolas, turquesas, lavas de vulcão, corais, âmbar, jade, ágatas, ônix. E, agora, em pedra-sabão.
Fonte: (Etc Comunicação)